O Peso do Passado na Educação e a Geração “Nem-Nem”
- Roberto Monteiro
- 27 de jun.
- 2 min de leitura
A história do Brasil é atravessada por três forças persistentes: colonialismo, patrimonialismo e corporativismo. Desde 1500, o país foi moldado para servir à metrópole: terra concentrada, trabalho forçado e o saber restrito a poucos — usado para manter a ordem, não para libertar.
Com o tempo, o poder apenas mudou de forma. O patrimonialismo tratou o Estado como bem privado. Cargos viraram favores, escolas, vitrines. O corporativismo, no século 20, organizou a sociedade sob controle estatal — inclusive a educação.
Esse legado ainda pesa. Em 2024, 18,5% dos jovens entre 14 e 29 anos — cerca de 9 milhões — não estudavam, não trabalhavam e não se qualificavam. A geração “nem-nem” é reflexo direto dessa estrutura.
O analfabetismo atinge 5,3% da população, mais de 9,5 milhões de pessoas. Metade delas tem 60 anos ou mais. E 29% dos brasileiros entre 14 e 64 anos são analfabetos funcionais — leem, mas não compreendem.
Entre os jovens que abandonaram ou nunca frequentaram a escola, 72,5% são pretos ou pardos, escancarando a face racial da exclusão.
Na primeira infância, apenas 4 em cada 10 crianças de 0 a 3 anos estavam na escola ou creche em 2024 — uma etapa decisiva desperdiçada.
Nos rankings globais, o Brasil amarga a 72ª posição no índice da UNESCO e o 57º lugar no PISA. A USP, que já figurou entre as melhores do mundo, foi rebaixada e saiu do top 100.
O resultado está nas ruas: baixa produtividade, pobreza crônica, desigualdade, violência e racismo estrutural.
Sem uma educação sólida, o futuro do país permanece comprometido — e o passado, sempre por perto.
Marília já teve uma rede escolar considerada modelo, mas sofreu um grave retrocesso durante a gestão passada. Agora, o atual prefeito Vinícius Camarinha tem se empenhado para reconstruir esse sistema e garantir que nenhuma criança fique fora da escola.
Roberto Monteiro
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