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É Preciso Não Parar

  • Foto do escritor: Roberto Monteiro
    Roberto Monteiro
  • 2 de ago.
  • 2 min de leitura

Como os livros me deram mil vidas e um destino


Quando eu era criança, os alunos só ingressavam na escola aos 7 anos completos. Não havia maternal ou pré-escola. A jornada começava direto no primário — hoje chamado de primeiro ano do ensino fundamental. Como nasci em abril, não pude iniciar em janeiro, pois ainda não havia completado a idade mínima. Entrei apenas no ano seguinte, prestes a completar 8 anos.


Ao chegar, percebi que alguns colegas já sabiam ler e escrever. Eu não. Mesmo assim, precisava acompanhá-los. Lembro da admiração que senti por eles, especialmente por um aluno muito aplicado, que treinava leitura e escrita em casa e se destacava na sala pela dedicação. Enquanto eu lutava com as primeiras palavras, ele parecia dominar o universo das letras.


Foi difícil. No começo, achei até que seria impossível. Mas foi aí que fiz uma promessa silenciosa a mim mesmo: “Quando eu aprender a ler, nunca mais vou parar. Nem por um dia da minha vida.”


E assim foi. As palavras lentas e cortadas ganharam som. A letra insegura encontrou forma. A leitura e a escrita, antes distantes, tornaram-se minhas maiores aliadas. Ideias viraram histórias nos cadernos, lidas em voz alta para meus pais, irmãs, colegas de sala… depois para companheiros de profissão, para telespectadores, para eleitores, para cidadãos.


A palavra escrita, o texto lido, a conversa compartilhada — tudo isso se transformou em ouro bruto na minha mente, lapidado pelas experiências e pela promessa que fiz e sigo cumprindo até hoje.


Infelizmente, no Brasil, mais da metade da população com mais de 6 anos — cerca de 93 milhões de pessoas — não lê livros. É um dado alarmante. Não apenas pela ausência da leitura, mas pelo desperdício de um hábito tão poderoso, saudável e transformador.


Ler vai muito além do desenvolvimento do vocabulário, da cognição e do senso crítico. A leitura é arte, memória e emoção. Ela nos leva onde a realidade não alcança, a lugares que não conseguimos ir de nenhuma outra forma.


Minha promessa segue viva. E hoje, deixo um convite: leia. Comece pelo tema mais leve, pela capa mais bonita, pelo título mais curioso. Mas leia. Ao escolher ler e jamais parar, presenteamos nossa alma com algo impagável: a liberdade de viver mil vidas em uma só.


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Roberto Monteiro (fotos: acervo e biblioteca pessoal)

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